Imagine que você está em uma reunião, apresenta uma ideia incrível, todo mundo elogia… e a primeira coisa que passa na sua cabeça é:
“Eles devem estar exagerando. Nem foi tão bom assim.”
Se essa cena parece familiar, há grandes chances de você estar lidando com a famosa (e nada divertida) síndrome do impostor. Mais do que uma simples insegurança passageira, ela é um conjunto de padrões de pensamento e comportamento que minam a autoconfiança.
Para entender como ela se manifesta, vamos mergulhar nos sintomas da síndrome do impostor — e, claro, conversar de um jeito leve sobre como eles aparecem na vida real.
O show da confiança… só que não
Na superfície, quem tem síndrome do impostor pode até parecer seguro. É aquela colega que apresenta relatórios impecáveis, ou o amigo que fala com tranquilidade em público. Mas por dentro, existe um nervosismo constante, como se estivesse interpretando um papel que não é realmente seu.
Esse sintoma é traiçoeiro porque cria uma contradição: o mundo vê uma pessoa competente, mas ela mesma sente que está enganando todo mundo. É como estar num palco, com luzes e aplausos, mas acreditando que o público vai perceber, a qualquer momento, que você não decorou todas as falas.
Autocrítica no volume máximo
Sabe aquela voz interna que aponta cada mínimo detalhe que poderia ter sido melhor? Pois é, em quem tem síndrome do impostor, essa voz parece ter um microfone com eco.
É diferente de uma autocrítica saudável. Aqui, mesmo quando o trabalho está ótimo, o foco vai direto para o que “deu errado” ou “ficou faltando”. É o famoso:
“Foi bom, mas…”
“Podia ter feito mais…”
“Não está perfeito…”
O problema é que viver assim transforma cada conquista em uma lista de defeitos, e não em um motivo de orgulho.
O crédito vai para a sorte (ou para qualquer outra coisa, menos você)
Outro sintoma clássico é a dificuldade de reconhecer o próprio mérito. Quem tem síndrome do impostor tende a acreditar que seus resultados foram fruto de sorte, ajuda externa ou pura coincidência.
Fez um excelente trabalho? “Ah, foi porque o cliente era fácil de lidar.”
Passou numa seleção difícil? “Acho que foi porque não tinham muitas opções.”
Esse tipo de pensamento tira da pessoa o direito de se sentir dona das próprias vitórias.
O medo de ser “desmascarado”
Esse sintoma talvez seja o mais famoso — e o mais angustiante. É a sensação de que, a qualquer momento, alguém vai “descobrir” que você não é tão bom quanto parece.
Esse medo é constante, e não se limita ao trabalho. Ele aparece em cursos, eventos, interações sociais e até na vida pessoal. É como viver com um radar sempre ligado, esperando o momento de ser “peg@ no pulo”.
Perfeccionismo e procrastinação: dois extremos do mesmo problema
O perfeccionismo é fácil de entender: a busca obsessiva pelo resultado impecável. Mas o que muita gente não percebe é que a procrastinação também é um sintoma comum.
Perfeccionismo: “Preciso que tudo esteja perfeito, senão não serve.”
Procrastinação: “E se eu começar e não ficar perfeito? Melhor adiar.”
O resultado? Uma montanha-russa emocional que alterna entre trabalhar demais e não conseguir começar nada.
Comparar-se o tempo todo
Se comparar com outras pessoas até pode ser saudável — quando vira inspiração. Mas, para quem tem síndrome do impostor, isso é combustível para se sentir inadequado.
E, claro, a comparação nunca é justa. A pessoa escolhe como referência alguém com mais experiência, mais recursos ou em outro momento da vida. É como se um corredor iniciante se comparasse a um atleta olímpico e dissesse: “Tá vendo? Eu corro mal”.
Efeitos no corpo e na mente
Os sintomas da síndrome do impostor não ficam só na mente. Eles cobram um preço físico: tensão muscular, dores de cabeça, problemas de sono, cansaço crônico…
No emocional, a autoestima vai ficando frágil, e o excesso de ansiedade pode até evoluir para quadros de depressão ou ansiedade generalizada. É como carregar um peso invisível todos os dias.
Por que esses sintomas aparecem
Não existe uma única causa. Muitas vezes, eles surgem de experiências de infância em ambientes muito críticos, pressão acadêmica, padrões de comparação exagerados ou culturas profissionais extremamente competitivas.
Mulheres em áreas dominadas por homens, pessoas negras em ambientes majoritariamente brancos ou profissionais iniciando carreiras em empresas de alto desempenho podem sentir esse peso de forma ainda mais intensa.
O impacto silencioso no dia a dia
O que torna esses sintomas tão perigosos é que eles não impedem a pessoa de “funcionar” — pelo contrário, muitas vezes ela tem alta performance. O problema é o custo emocional e físico de manter essa imagem.
No dia a dia, isso significa trabalhar horas extras para “provar” competência, evitar oportunidades por medo de fracassar, ou sentir que qualquer elogio é exagerado.
Estratégias para lidar com os sintomas
O primeiro passo é perceber que eles existem. Parece simples, mas já é metade da solução. Quando um pensamento típico da síndrome aparece — como “isso foi só sorte” —, vale parar e perguntar: “O que eu fiz para chegar aqui?”.
Outras práticas que ajudam:
Registrar conquistas: anotar resultados, elogios e marcos alcançados.
Falar sobre o assunto: compartilhar com pessoas de confiança ou em grupos de apoio.
Terapia: buscar ajuda profissional para entender e mudar padrões de pensamento.
O poder de normalizar a conversa
Falar sobre os sintomas tira a síndrome do impostor do território do segredo e mostra que ela é mais comum do que parece. Pessoas que admiramos, de grandes líderes a artistas, já admitiram sentir o mesmo.
Essa normalização ajuda a perceber que competência e insegurança podem coexistir — e que sentir dúvida não significa ser uma fraude.
Virando o jogo
Os sintomas da síndrome do impostor não definem quem você é. Eles indicam padrões que podem ser modificados com autoconhecimento, paciência e prática.
Reconhecer sua própria trajetória e aprender a celebrar conquistas, mesmo pequenas, é um passo poderoso. Afinal, merecer estar onde está não é questão de sorte — é resultado de história, esforço e coragem.
