Quando a auto estima depende da aprovação externa
A autoestima é como uma planta que precisa ser regada todos os dias — mas, ao contrário do que muitos pensam, ela não cresce com aplausos ou curtidas. Claro, ser reconhecido é gostoso. Mas depender da opinião dos outros para se sentir bem sobre si mesmo é um caminho perigoso.
O problema é que fomos ensinados, desde cedo, a buscar validação fora. Se o outro diz que você está indo bem, você se sente bem. Se não dizem nada, ou criticam, o chão some. E aí vem a confusão: como desenvolver auto estima se você nem sabe ao certo o que sente sobre si mesmo?
A resposta está em voltar o olhar para dentro — algo simples de dizer, mas desafiador de fazer.
Além dos elogios: o silêncio como construção
Tem dias em que ninguém vai dizer que você está indo bem. E é exatamente nesses dias que a autoestima mais precisa existir. Se ela estiver baseada apenas em retornos externos, ela desaba no silêncio. Mas se você a cultiva de dentro para fora, consegue se lembrar do seu valor mesmo quando o mundo parece não notar.
Autoestima não é sobre se achar melhor que ninguém. É sobre se reconhecer com carinho e firmeza, mesmo nas falhas. É entender que errar faz parte, mas que você ainda merece respeito — inclusive o seu próprio.
O peso invisível da comparação
Você já se comparou com alguém hoje? Redes sociais, reuniões de trabalho, até uma conversa com amigos… tudo parece convidar a esse jogo invisível de quem está “mais resolvido”. Só que a autoestima não floresce nesse terreno.
Cada vez que você compara sua jornada com a do outro, está negando o valor do seu próprio caminho. E isso mina, aos poucos, sua confiança. Aprender a se admirar por quem você é — e não pelo que esperam que você seja — é um ato de coragem e autoconhecimento.
Cuidar de si como prática, não exceção
Autoestima não é um sentimento que surge do nada. Ela se manifesta nas pequenas ações do dia a dia. Dormir o suficiente, alimentar-se com consciência, dizer “não” quando algo ultrapassa seus limites… tudo isso comunica para o seu corpo e mente: “eu me respeito”.
Muitas vezes, as pessoas esperam se sentir bem consigo mesmas para, então, cuidarem de si. Mas o processo é o oposto: é ao cuidar que o sentimento de valor começa a florescer. Autoestima é como uma casa que você vai construindo, tijolo por tijolo, com escolhas diárias.
Reescrevendo a conversa interna
Preste atenção à sua voz interna. Ela é crítica? Exigente? Áspera? Ou é compreensiva, encorajadora e justa? A forma como você fala consigo mesmo determina a base da sua autoestima.
Não adianta dizer que se ama se, internamente, você se pune por cada erro. Comece reformulando pequenos pensamentos. Troque o “eu sou um desastre” por “foi só um erro, e está tudo bem”. Parece simples, mas transforma tudo. Você começa a se sentir mais seguro, mais inteiro, mais digno.
A importância do tempo consigo mesmo
Nosso tempo está sempre cheio — de compromissos, de notificações, de expectativas. E, nesse excesso de estímulos, muitas vezes nos afastamos de nós mesmos. A autoestima precisa de presença. É no silêncio, na solitude, que conseguimos escutar nossas verdades e reencontrar nossa voz.
Reserve momentos do seu dia para estar com você. Sem distrações. Pode ser um café sem celular, uma caminhada sem podcast, ou até um banho em silêncio. Esses instantes de conexão reforçam a percepção de que você é uma boa companhia para si mesmo.
Aceitar o imperfeito como parte do processo
Muita gente acredita que terá autoestima quando “resolver a vida”. Quando emagrecer, ganhar mais, se relacionar melhor, for mais produtivo. Mas e se for o contrário? E se for justamente aceitando quem você é agora — imperfeito, incompleto, em construção — que a auto estima começa?
Não é preciso esperar ser ideal para se amar. O amor próprio começa quando você olha para o que é real, com compaixão e gentileza. Não para se acomodar, mas para caminhar com mais leveza. Porque cobrar-se demais não acelera o processo — só o torna mais doloroso.
Reconhecendo as próprias conquistas
Autoestima também se alimenta de memória. É fácil esquecer do quanto você já superou, aprendeu e cresceu. Mas lembrar disso é essencial. O cérebro tende a valorizar os erros mais do que os acertos — e isso distorce sua percepção de si mesmo.
Então pare, de vez em quando, e se pergunte: “o que eu já fiz por mim que me dá orgulho?” Pode ser algo grande ou pequeno. O importante é registrar. Cada lembrança positiva se torna uma âncora interna para os dias mais difíceis.
Para refletir:
1. Autoestima é o mesmo que autoconfiança?
Não exatamente. Autoconfiança está ligada à sua crença na sua capacidade de fazer algo. Já autoestima está relacionada à sua percepção de valor como pessoa.
2. Como saber se minha autoestima está baixa?
Sinais comuns incluem autocrítica exagerada, dificuldade em aceitar elogios, comparação constante com os outros e sensação de não merecimento.
3. É possível aumentar a autoestima sozinho?
Sim, com práticas conscientes de autocompaixão, autocuidado e mudança na forma de pensar. A terapia pode acelerar o processo, mas não é o único caminho.
4. Como o ambiente influencia na minha autoestima?
Ambientes tóxicos, com críticas constantes ou ausência de apoio, podem minar a auto estima. Por isso, cercar-se de pessoas que respeitam e valorizam você é importante.
5. Praticar a gratidão ajuda na construção da autoestima?
Sim! A gratidão ensina a olhar para o que há de bom, inclusive em si mesmo. Isso ajuda a quebrar padrões de autocrítica e fortalece a autoestima.
6. Existe um “nível ideal” de autoestima?
Não existe um padrão universal. O ideal é ter uma auto estima estável, realista e saudável — que permita aceitar suas imperfeições e valorizar suas qualidades.
A construção da autoestima é um ato contínuo
Autoestima não é um troféu que se conquista e nunca mais se perde. É uma construção contínua, que envolve escolhas, percepções e muita presença. Ela nasce quando você decide se tratar como trataria alguém que ama: com paciência, respeito e cuidado.
E quanto mais você pratica esse olhar generoso para si mesmo, mais forte se torna. Auto estima de verdade não grita, não se exibe — ela simplesmente sustenta. E isso, no fim, é tudo menos uma frase de efeito.
Recomendação de leitura: Autoestima como Hábito
No livro, Isquierdo enfatiza que “autoestima é o quanto você se gosta, o valor que você se dá, o quanto você se ama”, e que esse sentimento repercute em todas as áreas da vida, sem relação com aparência, status ou gênero