Há de se dar o braço a torcer para o motivo que faz uma grande parte da população brasileira não ser muito chegada na leitura (grande mesmo: 53%, segundo levantamento do Instituto Pró-Livro de 2024): é a famosa dopamina barata.
Vamos ser sinceros… Como fazer um livro competir com a satisfação rápida que a gente sente ao passar o dedo na tela e ser bombardeado com vídeos curtos de gatinhos fofos, pessoas se maquiando em tempo recorde (o famoso get ready with me), ou qualquer outra trend viral que muda a cada semana? E se for pensar que a cada novo dia surge uma nova trend… bom, aí a disputa fica ainda mais injusta.
Ok, é verdade: se usar as redes sociais com uma certa dose de sabedoria, dá até pra encontrar conteúdos legais e informativos. Mas sejamos realistas: na maioria das vezes o que a gente consome são pílulas de conteúdo rápido, textos curtos e diretos – porque afinal, ninguém quer perder mais de 15 segundos pra entender um recado.
Só que aí mora o problema. Existe um verdadeiro abismo entre consumir esse tipo de conteúdo e o impacto real que um livro pode ter na nossa mente. A leitura de um livro completo não transforma só nosso repertório, mas o nosso cérebro, de verdade. Primeiro de forma neurológica e, depois, no nosso comportamento – principalmente na forma como interpretamos o mundo à nossa volta.
Mesmo com todo o esforço das escolas em colocar livros nas mãos das crianças desde cedo, ou com os adolescentes sendo obrigados a ler os clássicos da literatura brasileira pra fazer aquele resumo de última hora… a verdade é que a leitura, como hábito, é algo que ainda precisa ser construído com intenção.
O LADO NEGATIVO DA INFORMAÇÃO RÁPIDA
Esse nosso vício em conteúdo instantâneo também vem deixando algumas marquinhas (nada positivas) no nosso cérebro.
- A primeira delas é a redução da nossa capacidade de manter a atenção em uma única atividade por mais de alguns minutos. Isso prejudica – e muito – o processamento cognitivo mais profundo. Quando lemos um livro, nosso cérebro é obrigado a realizar várias tarefas ao mesmo tempo: imaginar cenas, entender o contexto, fazer conexões entre capítulos, acompanhar a linha do tempo… tudo isso exige foco, coisa rara nos dias de hoje.
- Outra consequência é que o excesso de estímulos rápidos afeta áreas super importantes do cérebro, como o córtex pré-frontal. Ele é o responsável por funções como atenção, tomada de decisão e controle de impulsos. Pois é… aquela dificuldade em se concentrar ou em tomar decisões sem ficar paralisado pensando nas mil possibilidades? Pode ter muito a ver com o jeito que estamos consumindo informação ultimamente.
O LADO BOM DA LEITURA (E POR QUE DEVEMOS DAR UMA CHANCE A ELA)
Agora a boa notícia: o cérebro é um órgão super maleável. Graças à chamada neuroplasticidade, ele consegue se adaptar aos estímulos que recebe. Ou seja, se o excesso de TikTok, Reels e Shorts está te deixando com o foco de um peixe dourado… calma! Dá pra reverter.
Quando lemos com frequência, ativamos várias áreas cerebrais ao mesmo tempo: o córtex pré-frontal, o hipocampo (que é fundamental pra memória de longo prazo), além de regiões responsáveis pela linguagem e pela interpretação de símbolos. É como colocar o cérebro na academia.
Além disso, quem lê regularmente desenvolve habilidades que vão muito além do “saber mais palavras bonitas”. A leitura melhora a empatia (porque a gente se coloca no lugar dos personagens), o pensamento crítico (porque aprendemos a analisar contextos diferentes) e a argumentação (porque entendemos como organizar melhor nossas ideias).
E quando o assunto é aprendizagem, a diferença é gritante. Aprender de verdade exige tempo, reflexão e conexão entre ideias – exatamente o oposto da lógica do consumo rápido. Não é à toa que muitos professores estão percebendo uma queda na capacidade de concentração e interpretação dos alunos. A galera lê uma pergunta de prova, mas não consegue entender o que está sendo pedido, simplesmente porque o cérebro já se acostumou com conteúdos mastigados e rápidos.
Bora desacelerar?
Se a gente quiser voltar a ter uma atenção decente, melhorar o raciocínio e até a capacidade de tomar decisões com mais clareza, o caminho é um só: desacelerar. Nem que seja começando com 10 minutinhos de leitura por dia.
Aos poucos, o cérebro vai reaprendendo a gostar desse tipo de estímulo mais profundo. Afinal, assim como a gente treina os músculos na academia, as conexões neurais também precisam de treino. E um bom livro pode ser o personal trainer que você estava precisando.
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Vai que a gente salva mais uns cérebros por aí. 😉📚

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